87.9 - RÁDIO CULTURA FM - 2014
- ..
- 7 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de set. de 2021

Por Paulo Alexandre
A rádio Cultura FM, fica em Irati/PR. É um importante instrumento de propagação da arte e da informação. Organizada a partir de uma estrutura que não se volta para a reprodução da cultura de massa onde prevalecem produções criadas a partir do interesse econômico de indivíduos e grupos, de diversas naturezas. Ao contrário, a rádio Cultura, que fica na posição 87.9 FM de qualquer aparelho de ondas de rádio próximos a Irati, ou pela internet o tempo todo, constitui-se em um ponto fora da curva, apresenta um conteúdo único e certamente encontra seus ouvintes. A outra rádio, a popular, a que reproduz a cultura e a informação massificada (aquela que é produzida com o objetivo primeiro de satisfazer as necessidades econômicas e não precisamente as artísticas, somente as culturais), esta, se mantém atendendo às expectativas geradas pela própria produção cultural mercadológica, há reações positivas à criações da indústria cultural e que sequer dialoga com o seu passado, mas criam um mercado forte economicamente, que de um lado enriquece alguns, que se mantém às custas de investidores interessados justamente nesses expectadores reprodutores desta cultura e que não representa perigo imediato, pois aceitam uma produção artística medíocre. Ficando inofensiva e reprodutora da cultura capitalista, da expansão criação de impérios econômicos, tanto nas produções culturais como nos financiamentos comerciais e no marketing. Elas representam as características sócio-culturais daqueles que as criam e dos seus seguidores. O elemento que constitui a grande qualidade da Cultura FM é o mesmo que representa a desgraça da rádio comercial, ter na sua audiência a preferência por vertentes artísticas específicas e sofisticadas, que representam hoje uma arte pouco acessada pela grande maioria da população, desinteressada das questões atemporais da arte. As rádios comerciais, com seu foco na reprodução das criações culturais imediatas e vendáveis, com prazo de validade extremamente curtos e que rapidamente se tornam obsoletas, músicas com letras e arranjos pobres, que não são passíveis de comparação qualitativa com expressões artísticas mais marcantes na história, como Bach ou Pink Floyd, que mesmo distantes esteticamente e temporalmente, se unem perfeitamente na criatividade, pois são criadas a partir de pulsões de natureza original. As outras, feitas exclusivamente para vender, e que chamam atenção por ocupar uma parcela grande do tempo e da atenção das pessoas que poderiam estar ouvindo qualquer outra música, através da internet e dos aparelhos celulares ou rádios como a Cultura FM. Artistas como Sony Boy Wiliamson, Luiz Gonzaga, Heitor Villa Lobos ou Greta Van Fleet, não passarão despercebidos dos ouvidos afinados, mas certamente muitas pessoas durante a vida não chegarão nem a saber quem foram. O maior desafio da Cultura FM é sem dúvida, manter-se firme frente ao aparentemente imparável avanço desenfreado do capitalismo e suas contradições e mutações imprevisíveis e, quem sabe, derrotáveis através da propagação da arte e da ocupação do espaço, hoje tomado pela cultura massificada, mas que, com iniciativas como essa mostram que há outras possibilidades de existência sedentas a ocupar o mesmo espaço.
Ps: Agradeço pelas diversas vezes em que tive a oportunidade de usufruir do espaço para a divulgação do meu trabalho e pelo papo sempre aberto a respeito de diferentes assuntos deste e de outros momentos históricos.
Comments