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A Antígona adormecida - 2017

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  • 30 de nov. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de fev. de 2023



Por Paulo Alexandre


Numa noite um pouco fria para o outono, vesti um casaco de lã e fomos ver Antígona de Sófocles na versão do grupo Karma Coletivo, uma noite que rendeu muita conversa e reflexão para vários dias. Durante o ano de 2017 em que estive em Santa Maria RS tive a oportunidade de assistir a alguns espetáculos teatrais no Teatro Caixa Preta da UFSM. De primeira fui envolvido pelo intenso trabalho vocal e um texto adaptado com muita precisão por Cristian Lampert, o que ajudou a construir uma musicalidade única para as falas nas vozes de Ana Paula Marques, Helen Höher Bohrer e Critian Lampert. A disposição em arena permitiu uma movimentação que me passou uma energia parecida com a sensação que tive quando presenciei um ritual coreano em Curitiba com espadas Katana, a tensão tomou conta em vários momentos. Um clássico de Sófocles e um espetáculo bem construído e provocante, em um ambiente tomado pela ação e pelo jogo cênico. A saga da mulher valente e sozinha mostra a tragédia em controvérsias, a vida arruinada de Creonte, a morte da heroína Antígona, as revelações do coro dispostos nas vozes afiadas transpassando a plateia, compondo um cenário nu e real, além de muito próximo a nós. Sófocles deixa de ser um autor distante no tempo e pulsa ali, vivo. A direção de Cristian Lampert mostra Antígona com uma força que contém a garra da personagem grega de 500 a.c. que enfrenta uma sociedade onde a vida pública era dominada pela figura masculina, mas que ao mesmo tempo nos coloca diante da energia daquelas pessoas em cena, não importando quem são e que  nos aproximam das Antígonas guerreiras existentes ou adormecidas em cada um.

Uma noite para me alimentar, um ano se passou e ainda guardo as minhas migalhas.

 
 
 

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